Portugal, ai meu Portugal

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Em Portugal, quase tudo o que parece não é e quase tudo o que não parece é.

Em Portugal, o povo é que paga quase tudo e o resto é conversa da treta. Se o António Feio ainda cá estivesse, haveria de continuar a saga na companhia do José Pedro Gomes, ambos de sorriso matreiro nos lábios, mas de olhar desgostoso. 

Em Portugal, confirma-se diariamente que nada vai bem por muito que as governanças pretendam fazer ver ou sentir o contrário. Contudo, por cá, por Portugal, a visão ainda não é má - apesar de os olhos de ver que registam as visões serem muitas vezes censurados.

Em Portugal, roubar o povo não é roubar o povo. É ser-se finório e inteligente. E, por isso, rouba-se a torto e a direito e de enfiada, sem prisão efectiva. Em Portugal há sempre um recurso que prolonga a liberdade de quem rouba, ou um outro que retarda a decisão de acusação de quem rouba, quando se é acusado em "primeira instância" por se ter roubado.

Em Portugal, começa a ser de mais tanta coisa de menos. Tanta gente a desfalcar. Os políticos que desfalcam. Os banqueiros que desfalcam. Os autarcas que desfalcam. Os associados ao desporto que desfalcam. Tanta e tanta gente a desfalcar, impunemente. Isso mesmo: há impunidade.

Em Portugal tudo vai torto. Desde quase sempre. E ninguém diz nada. Ninguém reclama nada. Com medo de dizer algo.

Em Portugal ninguém reclama sobre o que se deve reclamar, com medo de se ir preso. E tanto que há a reclamar, sem medos, em Portugal.

Em Portugal, os portugueses não conhecem a Constituição da República, os Direitos Humanos - Europeus e não só. Em Portugal, o povo não sabe o que são os seus Direitos e, o que é mais grave, não se preocupa em informar-se sobre esses mesmos Direitos.

Em Portugal, não tarda muito que, para além da inoportuna taxação sobre a posse de animais domésticos, sorrir comece a ser taxado. Ou usufruir de ar puro. Ou ser-se feliz.

Em Portugal, país pacato, não tarda que comece a haver «atentados» contra o próprio Portugal português.

Em Portugal, é certo, pouca coisa vai bem. E há condições para tudo ir bem, tudo ser bom.

Em Portugal, escrever sobre a verdade pode ser pecado. Graças a Deus que, neste caso e noutros casos, sou pecador e não escrevo a corroborar a mentira. Mesmo que, um dias destes, ainda vá preso por escrever sobre a verdade, sem o fazer com mentira.

Em Portugal, Portugal deveria começar a ser verdadeiramente Portugal. E eu não perco a esperança.

Um “à parte”: graças a Deus que o Peixoto finalmente se foi... Será que ainda vamos a tempo?

© Ernesto Teixeira

 (Imagem retirada da net)