O dia depois de hoje

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Hoje festejamos a Luta da Pátria que calha na roda da calha, já quase ao calha e quando o Rei faz anos.

 

E amanhã?

O que faremos ao estilo típico do que não fazemos?

 

(As)sentamos o estômago vazio de luso de e cheio de luto que nem uma luva e nem mais uma uva?

Se este País é tão somente uma criança grande de 900 anos de idade cronológica, sinto-a ainda, quiça, um tanto, se não deveras, imatura na idade mental.

 

Conto-a partir do nascimento oficial pela semente de D. Afonso Henriques, o primeiro de poucos Lutadores do Luto, sem ringue mas com o brinde chamado Portugal.

O vencedor da maior medalha que alguma vez conquistámos.

Não haverá nem Ouro nem Diamantes que paguem o valor do que é ser patrioticamente Português.

 

Interrogo-me há cerca de 20 anos - em que a capacidade de pensamento abstracto, descrita por Jean Piaget, me ofereceu o presente de uso sapiente dos neurónios carpinteiros sempre me acompanham, faça o rei anos ou não - quando é que Portugal se tornará num adulto exímio, autossuficiente, autónomo e bom para ele mesmo, num dicionário que defina efetivamente a adultez para TODOS filhos da Pátria, e não aparentemente (da grande família das Aparências) para muitos e EFETIVAMENTE para poucos.

 

E (in)justamente os que ousam tocar com tacto incongruente, sem cacto simétrico de defesa, na Igualdade e Liberdade serão os que mais a infantilizam em tom de surdina hipócrita, o que vindo a inaugurar episódios incessantes e extenuantes de novelas mexicanas, como quem troca cromos toscos de exemplaridade, tão nefastos para a criança de D. Afonso Henriques, que tanto lhe custou a criar.

 

Será este Portugal um eterno adolescente com dificuldades de consciência do Self, em profundo tumulto interno a braços esmurrados em crises de auto-afirmação que nunca chegam a gerar Resiliência e Crescimento?

 

De onde virá efetivamente a eterna criança que ainda somos?

 

Será fruto de sucessivos pais instáveis, que de regentes se foram tornando inconsequentes delinquentes?

Terá a avó paterna, D. Teresa de Leão, desviado bruscamente para "tierras de nuestros hermanos" o sentimento de profundo patriotrismo que jamais viria a regressar a nós de forma consolidada, e que nem o exemplo vicariante dos nossos Heróis do Mar, chegaram a terra?

 

Terá desde esse afortunado dia de aquisição de nacionalidade portuguesa roubado ironicamente o orgulho inato do que é ser Português, de Corpo e Coração?

 

Quantos de nós, Filhos da Pátria, saberão o que é amar, por actos nobres, palavras sublimes e omissões de desonestidade, esta Nobre Nação, todos os dias da nossa vida, e não apenas nos dias em que o Rei faz anos e realiza, sem ser não mais da realeza e sem sangue azul, o típico banquete de aparências, pavoneando-se apenas no tapete vermelho das tropas de elite, de tão vermelho que nos sangra a corrupção e se esvai em prescrição, e alienando-se do manto verde das formigas formidáveis que põe e compõe o Rectângulo e são mais do que a mera soma dos pedaços de gente que nem o chegam efetivamente a ser?

 

Na noite depois de amanhã, já com um Portugal crescido a meia haste no meio do escadario fácil e inóspito de teias geringonçadas pelas aranhas assassinas de veneno de insalubridade na des(governância) por quem, não no direito, nos infantiliza, pela desautorização por via de brandos costumes, pela criação de temáticas desadequadas à idade mental que este País, entre tanto e tão pouco nos merece TUDO,

quantos de nós dariam um pingo de sangue da própria vida na árdua tarefa de amanhecer esta amorosa criança, a Maria Portugal, com todo o amor, limites e educação absolutamente indispensáveis na chegada a Bom Porto, vestida de SSS_Salva, Sã e Segura?

 

Eu diria que para grandes males, boas curas. Efetivas. Aparentes não bastam.

E que o AMOR EFETIVO será a resposta para toda e qualquer pergunta motivacional, independentemente da pergunta.

 

Amo-te Portugal

 

Margarida Magalhães Tuna

(Imagem retirada da net)