IMAGINAÇÃO

Jose-Eliseu-filho-web.jpg

Sou um amante da Arte mas está-se-me a acabar a tesão.

É verdade, o interesse foi-se.

Possuí telas a torto e a direito. Agora, violo-as todas !

A imaginação foi-se. Tal como no início vou voltar à representação do real. Sem mistérios. Não adianta penetrar através da pele de um nu mostrando mais que isso. A beleza continua no exterior. Mostrar o que queremos que vejam na tela que pintamos é inútil. Os olhos não vão além do exposto.

Vou voltar a pintar Portugal de norte a sul tal como é, como foi, já o fiz.

Duvido ter ainda paciência para isso. Quando sei o resultado do que vai ser, o interesse vai-se.

Poderia pintar somente com o objectivo de escandalizar o público, mas tem sido tão massacrado com má arte que nem vale a pena tentar. Isso tornou-o insensível e olha a Arte com o mesmo interesse que um homossexual nutre pelo sexo oposto.

O mundo corre depressa demais. Gira a uma velocidade alucinante e com receio de perderem a viagem esquecem de apreciar o que lhes passa ao lado.

É como alimentar porcos com pérolas...

Durante anos trabalhei para mim, para meu gozo pessoal, com que muitos atingiram o clímax no orgasmo da compra.

Hoje procura-se o interesse noutros vícios. A Arte deixou de o ser. Talvez nunca o fosse , na verdade.

Acredito que muitos se serviram dela como de uma prostituta de beira de estrada, que simplesmente usaram , esquecendo-a de seguida, pagando por ela e passando-a ao seguinte.

Hoje, com a fartura gratuita na oferta, já nem pagam. Usam, abusam e passam ao largo sem se comprometerem.

Vai ser mau para o controlo da natalidade artística...

José Eliseu