Conselheiro Acácio

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O Conselheiro Acácio, personagem criada por Eça de Queirós no romance “O Primo Basílio”, simbolizava os moralistas palavrosos, falava por chavões e frases feitas, sentenciava com pedantismo lugares comuns sem conteúdo, enfatizava expressões com sucessivas “palavras caras” normalmente descontextualizadas e desadequadas do que pretendia dizer.

Acompanhando a sua verve sempre com estudados gestos teatrais e cerimoniosos.

Eça de Queirós apresentou essa fictícia personagem, engendrando a seguinte situação:

Perguntaram um dia ao Conselheiro Acácio se ele conhecia Eça de Queirós e o que dele tinha a dizer.

O Conselheiro ajeitou o monóculo, empertigou-se, encheu o peito e disse:

- Claro que o conheço. É um verdadeiro artista! Toca divinamente!

O seu interlocutor disse-lhe que devia estar a fazer confusão. Eça não era músico, era escritor…

- Um escritor não, meu ilustre amigo! Um sublime escritor! – respondeu imperturbável o Conselheiro Acácio.

E prosseguiu:

- Eu disse que toca divinamente porque a sua escrita encerra uma tal celestial musicalidade que não são palavras alinhadas num papel aquilo, que dele temos o privilégio de absorver e deglutir, mas sim verdadeiras pautas de música, por onde o seu génio semeia colcheias, semicolcheias, fusas e semifusas…

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Temos ainda hoje por aí muitos Conselheiros Acácios na nossa política…

Rui Felício