Carta aberta à Sra. Ministra Graça

Por Bernardo Salgueiro Patinhas, forcado e advogado.

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 Excelentíssima Senhora Ministra Graça,

 Não sei de que civilização provem, mas não será seguramente a mesma

de Mário Vargas Llosa, Camilo José Cela, Ortega y Gasset, Picasso,

Goya, Velasquez, García Lorca, Júlio Pomar, Nicolau Breyner, Eça de

Queirós, Francis Wolf, conhece algum?

 Não estando eu à altura de nenhum destes Senhores, gosto de pensar

que partilho da civilização em que habitam ou habitaram.

 Senhora Ministra, não da Cultura, porque de Cultura claramente pouco

sabe, caso contrário saberia que cultura é tudo aquilo que um povo

adota como seu, cultiva,cuida e transmite ao longo de gerações,

ultrapassando guerras, regimes políticos, golpes de estado, partidos,

crises e sobretudo vontades individuais como, por exemplo, a da

Excelentíssima Senhora Ministra Graça.

 É esse mesmo povo que define o que é cultura que permitiu que V/Exa

fosse convidada a integrar a função de Estado que agora exerce,

através do ato eleitoral, democrático. Mas lembre-se, Excelentíssima

Senhora Ministra Graça, a Senhora não foi eleita, foi convidada e as

funções que V/Exa exerce são a prazo.

 Quem exerce tais nobres funções, tem que, em primeiro lugar, colocar

os interesses da Nação à frente dos interesses, opiniões, vontades e

caprichos pessoais, se não fizer, corre o risco de voltar a ser

convidada, mas desta vez a sair, por incompetência.

 Excelentíssima Senhora Ministra Graça,

 A senhora afirma que é importante, no cargo que exerce, assumir a homossexualidade.

 A minha civilização desconhece a correlação direta, ou mesmo indireta, entre ser responsável pela tutela da Cultura e ser homossexual, a não ser uma necessidade insofismável de afirmação e imposição pessoal da orientação sexual da Excelentíssima Senhora Ministra Graça, mesmo uma carência.

 Mas até a sua escolha, goste-se ou não, a minha civilização respeita porque está consagrada na Constituição da República Portuguesa, conhece?

 Como também está o direito à fruição cultural.

 Excelentíssima Senhora Ministra Graça, na sua primeira intervenção demonstrou imediatamente as suas intenções e motivações, governar para si e não para a Nação.  Teve azar, escolheu mal as palavras, foi infeliz, o Estado e a Nação estão primeiro, e ao contrário do que afirmou Luis XIV “L´État c’est moi”, la culture n'est pas toi Excelentíssima Senhora Ministra Graça, a cultura é de todos os que a fazem, acolhem, criam, transmitem e a Excelentíssima Senhora Ministra Graça tem exclusivamente que governar para esse povo, respeitando-o e tratando-o com dignidade, educação e civilização.

 Excelentíssima Senhora Ministra Graça, não me alongo muito mais porque tenho a certeza, tranquilidade e confiança que a primeira intervenção de V/Exa no Parlamento não distará muito da última.

 E deixo-lhe uma opinião, agora sim, pessoal e intransmissível: com a sua afirmação revelou deselegância, incompetência, ignorância, inaptidão e vulgaridade para exercer tamanha função.

 Termino como comecei, Excelentíssima Senhora Ministra Graça, não temos nada em comum, a sua civilização e a minha, nada nos aproxima, a não ser, exclusivamente, que ambos gostamos de mulheres.

Foto retirada da net

 Bernardo Salgueiro Patinhas