BELÍSSIMO SENTIDO DE JUSTIÇA

 

É mais fácil culpar o comportamento do utente, carecido de garantir uma resposta face à falta de capacidade de atendimento das lojas do cidadão.

Uma Secretária de Estado da Justiça culpando os utentes enquanto se revela incapaz de fazer autocrítica, não terá sido um erro de “casting”?

A venda nos olhos é só para os juízes. Deve saber ver, e bem, quem administra a coisa pública.

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Governo culpa utentes que vão para a porta das lojas do cidadão antes de abrir pelos atraso

A secretária de Estado da Justiça considera que os utentes das lojas do cidadão que vão para a porta dos serviços antes de estes abrirem são uma das razões dos atrasos nos cartões de cidadão.

Fazer o Cartão de Cidadão (CC), renová-lo ou tratar de qualquer assunto relacionado com este documento não é tarefa fácil. Os problemas de atendimento nos registos já são conhecidos, bem como as enormes filas que se formam mesmo antes de os serviços abrirem. Perante este cenário, a secretária de Estado da Justiça, Anabela Pedroso, aponta o dedo ao comportamento dos utentes, avança o Público (acesso condicionado).

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Para Anabela Pedroso, os problemas de atendimento nas lojas do cidadão justificam-se, por um lado, com o aumento da procura por causa das novas regras da lei da nacionalidade e do Brexit. Por outro lado, a secretária de Estado culpa os utentes das lojas do cidadão por irem para a porta dos serviços quando estes ainda estão encerradas.

“Não se pode deixar de dar nota que os atrasos também são o resultado de um fenómeno próprio e específico da procura que tem a ver com o facto de a generalidade dos cidadãos optar, sistematicamente, por se dirigir aos mesmos serviços, à mesma hora – antes da abertura do atendimento ao público”, lê-se na carta remetida ao Parlamento na passada semana.

Este “fenómeno” — assim o descreve Anabela Pedroso — é mais notório nos serviços de Lisboa, nomeadamente no Campus da Justiça (Parque das Nações), na Conservatória do Registo Civil de Lisboa (Picoas) e nas lojas do cidadão das Laranjeiras e Marvila. O balcão do Campus da Justiça tem registado cerca de 200 cidadãos só para pedido de CC, “muito antes do início do horário de atendimento ao público, o que encerra imediatamente a entrega de senhas aquando da abertura de portas”, diz a secretária de Estado. “Fenómeno que não ocorria no ano transato”, remata.