Gosto de ti.

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[Verbo gostar]

Que mais te poderei dizer, para além disso? Os dias passam, as horas nem por isso, mas confirmo a cada segundo, pelo que escreves, que eu gosto de ti. Talvez seja egoísta da minha parte assumir que gosto de ti. Do que escreves.

[De ler-te]

Talvez, gostar de ler-te seja uma forma indirecta de amar-te! E, por isso, revejo e revejo o teu rosto e não consigo concluir. Mas imagino tocá-lo. Afagá-lo. Beijá-lo. Contudo, nunca conseguirás imaginar o que as minhas mãos e os meus lábios imaginam.

Por enquanto estou por aqui, no lado oposto da distância. Haveremos de vencê-la

[A distância]

E talvez nos encontremos no mesmo lugar, um só lugar. Mas, suplico-te, traz o teu rosto e o teu sorriso e a tua escrita. É por ela, pela tua escrita, que apetece viver assim, desconcertado.

[Gosto de ti]

De cada palavra. De cada rima. Do sentido que apenas tu sabes dar ao contexto. Como explicar-te? As minhas sebentas estão completas de tanto poema teu, sabias? Talvez não saibas que amo assim tanto o que escreves.

Olha, quando vencermos a distância, acredita que o nosso encontro não vai ser um encontro, mas sim um reencontro. Eu já te conheço sem tu me conheceres. E é isso que me faz mover para ti, para o nosso reencontro. Pelas palavras que não dizes, mas escreves. E, se for recíproco, não te melindres. Nada como duas mãos que escrevem apaixonarem-se.

Eu gosto de ti.

© Luís Gil Torga

(O Autor não respeita o AO90)