A nossa queda

 

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Todos os anos, no dia 11 de Setembro, as redes sociais e as áreas de comentário dos jornais enchem-se da prosa delirante de milhares, talvez de dezenas ou centenas de milhar, de pessoas com as teorias mais rocambolescas. Invariavelmente, estas teorias vão dar ao “verdadeiro” responsável pela queda das torres: os israelitas. É um espectáculo dantesco. Não o espectáculo da queda daquelas estruturas de metal, mas o da queda da soi-disant inteligência humana, que abana sob o impacto insuportável, como disse um dia o poeta Eliot, de um “excesso de realidade”. E que depois inflama com a ignição dos medos que habitam a escuridão, explode sob a acção de ódios ancestrais e finalmente rui, deixando à sua volta uma montanha fumegante de destroços e cadáveres retorcidos, os “factos” e as “verdades” das inúmeras crendices de que se vai alimentando a infinita dor humana. E isto, amigos meus, explica quase tudo.

 

É um milagre que tenhamos chegado até aqui. Deve mesmo haver, como diz outro poeta, Alguém a colocar a sua mão por baixo e a aparar, com infinita doçura, a nossa queda.

Imagem retirada da net

José Costa Pinto