Editorial 30-06-2018

 

ESFARRAPADELAS

Vai longo o dia. E de que maneira. Vem aí a bola, e, como bom português, há que ir ver o jogo na televisão, nessa caixa desgraçada que desune famílias e greis, no seu mais antigo significado.

A imaginação, já à pensar Em Ronaldo e companhia, sente-se um tanto ou quanto adormecida, melhor, aborrecida, e penso que somos, na verdade, um país de tolos, desgovernado.

 

As guerras púnicas trouxeram os romanos até à Península Ibérica, onde as tribos locais, tradicionalmente aliadas de Cartago, ofereceram uma feroz resistência. Porém, o que mais espantou os organizados romanos foi os lusitanos não terem apetência alguma por serem liderados.

Os homens de Roma achavam bizarro que em séculos de guerra os lusitanos apenas tivessem sido liderados fugazmente por Viriato, permanecendo perpetuamente habituados àquilo que hoje se chamaria o regular funcionamento das instituições. Foi então que Júlio César, já sem paciência e arrependido por ter posto aqui os pés, desabafou, ‘Há nos confins da Ibéria um povo que não se governa nem se deixa governar’…

 

Hoje, após a balbúrdia que por aí corre, e os insultos que escorrem, penso que neste país se não aprendeu nada: a tripeça, trindade ou triângulo, que governa este este país não dignifica o povo: Ferro é um bronco; Costa um manhoso; e Marcelo um brincalhoto brinca-na-areia, mais popularucho e brincalhão que o cruel D. Pedro I, saltitante de palco em palco qual o seu adversário derrotado, Tino de Rans.

Os cargos obrigam a uma certa dignidade, Que pensará Ângela Merkel de Marcelo a saltitar no palco do Rock in Rio, no meio da maralha anarca, a cantar “A minha alegre casinha”?

Pois… Mas foi o que, eu incluído, o povo, o tal que não governa nem se deixa governar, escolheu.

Dia a dia o afundanço do país acelera; e Marcelo está da banda das cigarras.

ZEQUE