Editorial 30-03-2019

 

Toca a gargalhar tristezas

Apesar da memória não ter já as capacidades de outros tempos, nunca esqueci a história do burro.

Resumidamente: ia num velho VW com um amigo, que conduzia, quando na rádio ouvimos a notícia de que o ministro das finanças da época, do PS – só podia ser! – afirmara que o povo tinha de voltar aos tempos dos nossos avós, a andar de burro.

O Costa, assim se chamava o meu amigo, tira as mãos do volante, amanda-lhe – assim se fala à Costa – duas punhadas, e com cara de poucos amigos, exclama alto e bom som para quem o podia ouvir, que na altura era só eu: “Esta besta nem sabe quanto custa um fardo de palha”. É!

O ministro da propaganda de Centeno, Costa de seu nome, no cumprimento da sua missão de aldrabar o zé povinho, não perde uma oportunidade para prometer mundos e fundos, coisas só em parte possível de concretizar: mundos, pode oferecer à vontade, que ainda há muito para onde os portugueses possam emigrar, já que, bem habilitados profissionalmente, toda a gente os quer, melhor, os pede e procura; quanto aos fundos, vou ali e já vou, como se dizia nos velhos tempos.

Centeno e Costa ufanam-se da redução do défice, mas não explicam que o conseguiram através de aldrabices contabilísticas: bastava saldarem as dívidas do SNS para as contas ficarem baralhadas e o défice trepar por aí acima já que por aí abaixo não era possível.

O SNS está “estoirado”, mas o bom do Costa, caloteiro, badala hossanas; a banca está de rastos, e o “adiantado” Costa afiança que a situação do país nunca foi tão boa quanto agora; as pessoas compram casas sabendo que as não podem pagar, mas Costa pensa – será que ele pensa? – que “enquanto o pau vai e vem, descansa o Costa”.

É! O sarilho da CGD e do Costa do BdP não fazem tremer o ministro da propaganda: as “famílias” do (des)governo protegem os seus amigos e protegem-no. Sim, ele foi adjunto de Sócrates, o primeiro de um governo que, para ajudar os amigos a encher o papo, levou os bancos à ruína sem que ninguém, e incluo Costa por ter sido (ou ainda é?) braço direito do sacripante – cuidado com os géneros! -, ainda fosse chamado a pagar os desfalques.

Fugi ao início e à intenção do texto e andei por aqui a voltear. Parece que fui apanhado por uma tempestade, mas não, volto a ter pé.

O governo das “famílias” pretende que os portugueses, a começar pelas crianças do ensino básico, se iniciem na arte de bem pedalar, recuando aos velhos do Alves Barbosa e do Ribeiro da Silva.

Vá lá: já há um certo avanço em relação ao andar de burro. Talvez porque não é possível fabricar burros em quantidade, ou porque os que por aí há já estão todos albardados e às ordens das “famílias”.

Não, não, deve haver uma hipótese mais lucrativa: algum amigo das “famílias” terá em funcionamento uma fábrica de velocípedes.

Em Coimbra já circulam trotinetas de duas marcas: Machado confronta o governo das bicicletas. Nos passes sociais é que não!

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ZEQUE