Editorial 25-08-2018

Sem Paz e sem verdade

Não sei nem vou tentar saber se este país – pelo menos que o foi! – tem similar em qualquer outra parte do mundo terreno, que nos demais planetas deve ser, porque inabitados, deve ser quase impossível; quase, repito, porque, cá, aquilo que se julgava não poder acontecer, acontece mesmo.

A nível nacional, o impensável acontece: os comboios normais, do dia a dia, param para que circule um cor de rosa, a rebentar pelas costuras, com o maralhal do PS, e malta acolhida, que irá festejar a ditadura em que o país mergulhou, e, a ver bem a oposição que Rui Rio lhe faz, irá continuar por mais uns anitos.

Parece que o comboio vai ser puxado por uma máquina a carvão, daquelas que com o seu “trofafafe, trofafafe” ensinava um importante ramal, símbolo de o país recuou no tempo. Abdicando das normais, mais próprias para nestas que pra gente, as carruagens, para dar a ilusão de prosperidade, serão das de primeiríssima qualidade, não vão o senhor primeiro e os acólitos, borrar os armanis,  e as madamas os seus “versages”.

Como diz João Pereira Coutinho, “A viagem do comboio é a metáfora perfeita do governo e do partido a um ano das eleições: uma carruagem à solta e sem entraves que o português otário gosta de ver passar”.

Descendo ou subindo, consoante o olho de observação, parece que Valdemar Alves, o entendido por primeiro munícipe de Pedrógão Grande, anda às turra com uma “curiosa” jornalista que anda a tentar desmascara-lo. A coisa está feia, e porque, como dizia Bela Gutman, “A melhor defesa é o ataque”, Valdemar acena com o MP, que julga moroso e inoperante. O pior é se a coisa muda: e lá temos Alves a apresentar as continhas do quanto, como e porquê, com Costa, instruído por Sócrates, que a sabe toda, a tapá-lo não com o manto diáfano da fantasia, mas sim com o manto impudico da patifaria.

Eu confiava em Cidade, todavia noto a urbe cada vez mais desleixada, porca, esburacada, ruas feitas ruelas ou locais de pastagem.

No jet 8, uma mulher, com um palmo de cara jeitoso, umas penocas de fazer virar a cara e um riso de fazer tapar os ouvidos, vai ganhar, numa TV, cerca de um milhão de euros anuais.

Quando tanto se critica Salazar por ter “liberalizado” a prostituição durante muito tempo guetizada, ele, astuto, fê-lo porque adivinhava que um dos futuros do género feminino – e do “masculino” equivalente – seria vender ou alugar os dons físicos, cobrindo-os ou desnudando-os consoante as necessidades.

Este país está perdido: enquanto uns, poucos, embolsam, outros nem de bolçar já são capazes.

ZEQUE