Editorial 23-07-2022
Beleza e belezas
Narra Hesíodo que nas bodas de Cadimo e Harmonia em Tebas, as Musas tinham cantado em honra dos esposos estes versos, imediatamente repetidos pelos presentes: “Quem é belo é querido, quem não é belo não é querido”. (“A História da Beleza” – Humberto Eco – Capítulo 1 – página 37)
Vem isto a propósito, ou a despropósito nem sei bem, de a comentadora senhora Maria da Graça Jardim, vulgo Cinha Jardim, ter dito no programa da TVI “Dois às 10”, que João Félix é feiinho, visto ao perto então é piorzito”
A senhora – será? - Maria da Graça não deve ter espelhos em casa, porque também ela é bem feiinha por fora e quem faz comentários destes só revela que o é também por dentro. Além de que, a senhora em questão está convencida que que ainda vivemos em “ditadura”…
Salazar há muito que bateu a bota e as “Colónias Portuguesas” são hoje países independentes, onde o branco tem que respeitar o preto.
A beleza do ser humano não está na aparência, mas sim, no conjunto: da bondade, da tolerância, da caridade, do respeito pelos outros e não só
Hoje, infelizmente, vive-se das aparências. As redes sociais estão a abarrotar de pessoas lindas, ricas, bem-sucedidas, com cursos superiores, tudo chique, mercê, em alguns casos, de currículos aldrabados e identidades falsas. Porém, para rimar, tudo gente bem - ainda que não de bem -, maralha com um ego do tamanho do mundo, que, contudo e se espremido, não vale um caracol, pessoal que não sabe ver-se ao espelho, que lhes mostra o outro lado do que são sem que o saibam interpretar.
Como nas TVs, não há feiinhos, nem feiinhas, nem pobres e nem analfabetos: há personagens fabricadas, algumas até à pressa.
Adorava morar nesses cantinhos, onde a “beleza” impera em tudo aquilo com que sonhamos.
Infelizmente, a realidade é bem diferente.
Há sem dúvidas pessoas LINDAS, com beleza interior, que se reflete na beleza exterior, que se estão a borrifar para as “cinhas” e os “cinhos” deste mundo.
E, depois, há aquelas pessoas bonitas por fora e. podres por dentro, as do “eu sou”, “eu sou” e, no fundo, não valem a ponta de um “chavo”.
E para terminar em BELEZA; a minha terra, o meu chão, é, sem qualquer espaço para dúvidas, a mais bela terra Portuguesa, é COIMBRA,
Maria Leonor Correia
Arte: Maja Desnuda - Francisco Goya e Lucientes - Museu do Prado