Editorial 20-03-2021

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No Virar dos Tempos des(espero)

 No lugar daquele que sempre fora o seu canto de aconchego, vira-se um espaço que se fora, pouco a pouco, libertando de todos aqueles gestos simples, certeiros e vigorosos. Assim teria sido, durante anos e anos a fio. Um canto, um espaço, um lugar que se fora esfriando sem avisos. O tempo teria sido maltratado, curiosamente desinteressado de quem teria o coração perto dos lábios. Aquelas palavras que recordáramos com um sorriso nos olhos que sobreviveriam lacrimejando sem sentido. Um piscar d’olhos que descobríramos numa surpresa cândida de um dia invernal. E, sem medo, teria sido assim que a neve beijou os velhos telhados, aquelas casas cobertas de calor dos velhos trapos que outrora teriam servido em verdes anos. Os dias seguiriam outros dias e os anos teriam o efeito de um vento gélido sobre as raízes ternas daquele tronco ligeiramente amedrontado pelos Invernos ininterruptos.

  No lugar daquele que sempre fora o seu canto de aconchego, pairariam segredos, pairavam segredos, pairam segredos…

 

Autoria de Sofia Geirinhas

A poetisa de pé-descalço

Não respeita o AO (90)

Imagem retirada da net