Editorial 17-11-2018

 Confusões

Com temperaturas, não só atmosféricas, de altos e baixos, com circos montados aqui e ali e arraiais por todos os lados, neste país que ainda é nosso, as surpresas não são diárias: são-no, não raras vezes, polidiárias, aparecendo donde menos se espera, “feique niús” muitas deças.

Quem quer maiores circos que  os montados à volta da prisão de um ex-presidente de um clube de futebol e do chefe da claque do dito, acusados, ó deuses, de mais de cem crimes cada um, de terrorismo alguns, quando tudo não passou de uma investida a uma academia em que treinam os atletas do clube com o intuito de lhes pedir para honrarem a camisolas. E o não menos interessante, é que as duas personagens nem sequer foram actuantes mas apenas, acusam-nos disso, mandantes morais de uma “escalada de violência”…

Neste [ainda] país, há um bando autodenominado IRA (Intervenção e Resgate Animal) que se movimenta por aí, esse sim, nos limites da lei – ou penetrando-a até - para defender os direitos dos animais e outros bichos que, dizem, os donos maltratam.

Embora a sigla relembre o terrorismo passado num país europeu, a sua actuação é mais tipo “Ku Klux Klan”, com encapuçados a agredir pessoas, invadindo, inclusive, propriedades alheias.

Isto, sim, isto é terrorismo; só que impune vá lá saber-se bem porquê, a não ser pelas suas possíveis ligações ao PAN, um partido com assento na AR-

Trezentos e cinquenta e três polícias foram agredidos em nove meses, reflexo da não provada protecção judicial à banditagem. Interessante, todavia, é o número nove da estatística, pois parece que neste país tudo gira à volta deste algarismo, familiar às gentes desde a primária por dar o nome a uma das provas para aquilatar das operações aritméticas.

De Tancos pouco se falou, a não ser da constituição de uma comissão na AR para “apurar” o que está mais que apurado sobre o roubo das armas, e se sabe “mais que sabido”, que toda a gente interessada no assunto, embora negando, o “sabia”.

Com tanto “sabia”, não estranha o prazo dado para se obterem conclusões: seis meses, mais três se aqueles não chegarem. Ou seja, seis e três dá nove, noves fora ZERO. É isso: o resultado vai dar em NADA,

Por Coimbra, nada de positivo, um marasmo pegado. Penso que a edilidade quer transformar a urbe numa cidade-satélite de Cantanhede.

A ver vamos, como dizia o cego para o que tinha vontade de ver.

ZEQUE