Editorial 13-04-2019
De admiração em admiração
Diz o povo, com alguma razão, que “de admiração em admiração todos se vão”. E é verdade: ninguém cá fica para semente. E é verdade, abrimos a boca num espantado “oh” de admiração, ou de incredibilidade, quando todos sabemos que ninguém cá fica para semente.
Morreu um homem bom, um filantropo, que deu tudo de si e dos bens que possuía. Este, sim, este deve ter o seu lugar bem guardado lá no Céu.
Por ohs se abre também a cada passo o que vai acontecendo pelo país além e aquém – que os caminhos correm em vários sentidos – com corrupções e outros actos periféricos à mistura.
O caso da CGD é paradigmático: fruto de operações financeiras bandalhas, só não colapsou porque o estado, para minorar os riscos, teve de insuflar uma mão-cheia de euros, que, logicamente, foram subtraídos aos contribuintes. (Aliás, até se chamam contribuintes por causa deste tipo de “contribuições)
Na CGD, há nomes vistoso, quase se podendo dizer intocáveis. E são estes, que não tendo sabido defender os interesses da Instituição, quer por omissão quer por outros motivos pouco limpos, se opõem a que se saiba quem são os devedores que pregaram altos calotes. Há uma comissão da AR a querer espiolhar o que se passou. À semelhança das “comissões” anteriores não vai conseguir encontrar as mazelas – ou os “desmazelos” – nem divulgar, para além de Berardo e afins já nas bocas do mundo, os “infractores” internos nem os devedores.
Foi com o governo de Sócrates e Costa que as falcatruas aconteceram na Caixa. Em Sócrates, sem se provar nada (por motivos que se sabem) fala-se muito; em Costa não. T
Se, acreditem, os três nomes forem veiculados, eu não abrirei a boca de espanto; muito simplesmente porque neste país já nada me espanta.
Tancos continua a ser caso: Marcelo apanhou já um chamuscozinho: a PJM não vai querer ficar com as culpas…
Costa desce; Rio não cresce; e o povo esmorece.
As pessoas bailam de contentamento. Desde Passos, os vencimentos subiram 0,6% em média, mas o custo de vida subiu 6,6%. Vive-se “melhor”, obviamente.
Com papas e bolos…
A Universidade de Coimbra continua activa. São descobertas atrás de descobertas a relança-la internacionalmente.
O Museu Nacional Machado de Castro continua a crescer, tanto a nível nacional como internacional.
Não consigo ouvir um “oh!” de espanto por qualquer coisa boa que Machado – a câmara, entenda-se – tenha feito. Salvo, obviamente, o aeroporto. E as trotinetas.
Haja Deus!
ZEQUE