Editorial 10-11-2018

 Fantasmas

Depois que se foi o dia das bruxas, os fantasmas voltaram de novo. E ei-los que por aí fervilham a cada canto, ou melhor, a cada desencanto.

Habituados à paródia das “feique nius” – notícias falsas – de que abusavam, os políticos sentem-se agora prisioneiros das que são abalançadas pelo vulgo, principalmente os jornalistas não engajados. Não admira, pois, a confusão que por aí escorre sem se saber o que, na verdade, é verdadeiro ou falso, o mesmo sucedendo a quem ouve ou lê o que os outros dizem ou escrevem.

Mundo macaco este em que vivemos.

Tancos não tem fim. Por muito que se badale à espera das últimas consequências, elas não acontecerão enquanto o querer saber rume para altas graduações civis e militares. Para ajudar à festa, a “comissão” da AR para esclarecimento do caso ainda não tomou posse; e logo que tome, será mais “empecilho” que motor de esclarecimento.

Marcelo e Costa, quem tem medo de quem? Na possível paz podre entre os dois, quem terá trunfos mais vitoriosos? Num empate, Tancos “já foi”; vencendo um, o outro estoira que nem uma cegarrega. É a política à portuguesa em que cada um não olha a meios para atingir os fins no pântano que é dos sofismas.

Quando se falou em José Silvano recordou-me um antigo árbitro do futebol português, 13.º jogador de um clube do norte, corrupto até mais não, que, para fugir à justiça, foi viver para o estrangeiro. Afinal, embora também do norte, este novo José Silvano goza de posição privilegiada dentro da estrutura do PSD. 

Não bastava Rui Rio andar por aí a asnear – dizem os seus críticos – ainda aparece Silvano a marcar o ponto numa sessão a que não compareceu. Sendo de reprovar-lhe sem contemplações a atitude, não entendemos como é que indivíduos do PS, a começar em Ferro Rodrigues, cuja amoralidade foi posta em causa há alguns anos, se atrevem a criticar o que ele fez, ou o BE que teve em Louçã um caso semelhante.

É! Bem prega s. Tomás!

O governo da geringonça está um espanto: é um distribuir de dinheiros impressionante. Todavia parece que o saco está roto, pois as verbas ditas para aplicar nisto e naquilo não chegam aos destinos. O caso mais flagrante – para além do hospital do Porto – é o dos pagamentos dos livros escolares, cujas livrarias, e não as editoras, ainda não viram a cor do dinheiro.

Com papas e bolos se enganam os tolos, e ninguém melhor que os actuais governantes para usar e abusar das “feique nius”.

Coimbra, a pobre Coimbra, continua num marasmo irritante. Machado não se ouve nem se vê. Pergunta-se e não se obtém resposta: como vai a rectificação do IP3 entre Coimbra e Viseu? Vai haver auto-estrada ou não vai haver? E a ligação da A23 entre Ceira e o IP3? Etc., etc.

Da geringonça só vêm promessas, da Câmara só silêncios. Valha-nos, contudo, a Universidade em que quase todos os dias há boas notícias de descobertas com nível mundial. Para desgosto da trupe de Costa.

Ainda assim, do mal o menos: o povo é sábio. Está-se mesmo a ver, não está?

ZEQUE