Editorial 06-10-2018

Sobre brasas

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Num país em que na primeira semana de outubro acontecem mais de quinhentos incêndios físicos sem que descortine o motivo nem, menos, os autores, é natural que o acontecimento passe despercebido dados outros incêndios que fizeram mossas de maior amplitude.

Lá for, mas com ligações fortes ao país, Der Spigel, uma revista alemã dita de esquerda, lança uma bomba: Ronaldo, o violador.

Notícia falsa ou não, o caso teve – e tem! – repercussões terríveis para o futebolista português, não só a nível moral como a nível económico.

Ronaldo desmente. E eu quero acreditar que tudo é falso; é apenas o reflexo de uma revista que quer notoriedade e de uma prostituta que, há mais de nove anos, foi para a cama com o português, sacando-lhe já na altura umas centenas de milhares de dólares.

Der Spigel é aquela revista que, em 1975, forjou uma notícia com Spínola a comprar armas clandestinas para contra-tevolução em Portugal. Com fotogragia e tudo. Mentira descarada que só encontrou eco nos incautos; uma prostituta, salvo raras excepções, nunca deixa de ser uma prostituta, valendo as suas afirmações oque valem.

O Real Madrid e o seu presidente não perdoam a fuga de Ronaldo e estão a fazer-lhe a vida cara é dado não despiciendo neste caso.

Quem tem razão? Enquanto não se provar o contrário, acredito em Ronaldo.

Outro incêndio não menos perigoso é o que resulta da novela do roubo das armas em Tancos que, para o ministro da defesa até talvez não tenha existido, passando pela “invenção” do aparecimento, uma farsa representada pelos altos quadros PJM e agentes da GNR, contrariada pela Polícia Judiciária civil.

E agora? O porta-voz, chamemos-lhe assim, disse ao juiz que o ministro sabia da encenação, mas este desmente.

Quem mente? Toda a actuação do ministro no caso leva-me a crer que ele estava dentro do que se estava e ia passar; e se estava, é mais que natural que o primeiro-ministro em exercício também o soubesse. E Marcelo, desentendido e mau analista dos dizeres de Cavaco, não saberia também?

Em Coimbra, por enquanto, ainda não aconteceu nenhuma destas embrulhadas, ainda que surja uma novidade de realização semelhante à do metrobus: o mercado MM (Manuel Machado?) passará a palco de divertimentos, inclusive com bailes da paróquia.

Dentro de um mês, no burgo lusitano, tudo estará resolvido: Costa nada diz, o ministro, ausente nas comemorações do 5 de Outubro, continua sereno dentro da sua cara de bolacha-maria, e Marcelo, bem Marcelo continuará igual a Marcelo…

Ronaldo é que continuará com a cruz da difamação a destruí-lo.

 

ZEQUE