Editorial 06-08-2022

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Carta de amor ao des/conhecido

Começo por escrever o quanto gostaria de si: teria um rosto rosado, lábios largos e carnudos, olhos cor de azeitona com pestanas deliciosamente desenhadas, cabelo longo, frisado e escuro como, por vezes, o meu pensamento; um corpo desenhado a crayon de papier de Adão a Aquiles, que pensaria acariciar em sentido inverso despertando-lhe os sentidos.

Tudo em si me pareceria perfeito: um corpo esculpido delicadamente, um sorriso de cortar a respiração, um caminhar suave e uma voz de calmaria mesmo em tempos tempestuosos; da sua boca ouviria palavras meigas, respeituosas e apaixonadas; do seu olhar um ardor de amores infinitos, arrepiantes e loucos; os seus dedos viajariam em mim sem destino fixado por amadores amantes.

Sempre que estivessemos lado a lado, agarrar-vos-ia tão fortemente como se de um balão de oiro se tratasse, daqueles que só existem nos meus sonhos. Uma montgolfière popularmente conhecida por balão de ar quente, no qual poderíamos ver o mundo de um outro plano, um privilégio efémero mas gratificante.

Os meus sentimentos por si cresceriam sem regra, nem rega num campo fértil embora abandonado, em pousio. Um corpo sedento de atenção e outras carícias que seriam bem-vindas a qualquer momento.

Não fosse a paixão ser de courte durée e o acordar inevitável, e o sonho poderia tornar-se realidade.

Para sempre com todo o meu amor, de mim para si, meu amor des/conhecido.

Autoria de Sofia Geirinhas

A poetisa de pé-descalço

Não respeita o AO90

Cébazat, dia 6 de Agosto de 2022

Imagem retirada da net