Editorial 01-06-2019

 Decadência

Não se pode agradar a gregos e a troianos ao mesmo tempo; desagradar já pode. Não escrevo para agradar nem para desagradar, escrevo, sobretudo, para denunciar o lamaçal em que este país está a tornar-se com a ajuda dos políticos governantes e a complacência de um presidente que, pelo menos aparentemente, se está a borrifar para o que acontece; ou melhor, que apetece para o país um longo domínio das políticas socialistas, ou social- comunistas, um presidente que paira acima dos problemas reais, principalmente da corrupção que canceriza o país.

Há dias, sobre a prisão de uns autarcas do norte dizia o advogado de um deles: “e da teia vai sair um rato”. Este dito alertou-me: primeiro, pelo anedótico paralelismo com o da montanha pariu um rato; depois, talvez porque talvez quisesse dizer que aquilo era grave de mais, monstruosamente de mais tal a discrepância entre uma aranha e um rato.

Afinal – escreveu-o Paulo Morais - “Sabe-se agora que [Laranja Ponte Presidente do Instituto Português de Oncologia - Porto.]  manteve até hoje o seu lugar através de uma teia de favores. Pagava (com dinheiro do próprio IPO) uma avença à mulher de Joaquim Couto, influente militante socialista; e este garantia-lhe, pela via partidária, a manutenção no lugar de presidente do IPO. Como a avença era avultada, ainda havia um bónus: o lugar de chefe de gabinete da Câmara de Matosinhos para a filha de Laranja Ponte.

Conclusão: quem quiser um bom lugar na Administração Pública, pode comprá-lo na empresa da mulher do Presidente da Câmara de Santo Tirso. E pagá-lo, mais tarde, com os dinheiros disponíveis na função que lhe atribuam”.

Este é mais um sintoma de um país em decadência profunda, tão profunda que, face às condenações por agressões, cinco mil polícias recusam – e dou-lhes razão – patrulhar bairros em que o consumo de e venda de drogas e as zaragatas são o pão nosso de cada dia.

É, eu sei, uma posição de força ilegal, mas o que é legal neste país: o aumento dos ordenados dos juízes ou a – não sei como chamar-lhe - condenação de um GNR que matou uma criança que ia, invisível, no porta-bagagens de um carro com dois bandidos em fuga?

Neste país, o combate à bandidagem e à corrupção nunca foi uma prioridade política, e menos o é agora, mais a mais quando a sociedade civil premeia casos comprovados de roubalheira. E quando assim é…

Todavia, agora que a PJ investiga mais uma “teia” socialista – e podia ser de outra área política – embora presumindo-se a inocência, é preciso não esquecer a cultura nacional que alimenta as aranhas, principalmente quando elas se transformam em ratos da cidade, vorazes mesmo quando de barriga cheia.

Em Coimbra, as promessas de Machado estão todas a desabar: uma vantagem para que o povoléu, que gosta de ser enganado, continue a votar nele.

No momento em que escrevo, o destino da Académica está a decidir-se nas urnas.

ZEQUE