SOU

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Sou filha da exaltação

do sonho, da frustração.

Sou filha de um poema

sem ritmo sem tema

sílaba tónica, fonema

da palavra coração

dum coração contrito

sem prisão sem algema.

 

sou filha da solidão...

 

Sou filha do sol poente!

Sou filha da madrugada

dum domingo de caçada

inspiração vinda do nada

duma alma apaixonada

duma deusa sem altar!

 

Sou filha de um poeta

duma musa idolatrada

que em noite de guitarrada

adormeceu  enleada

nos braços de um profeta.

 

Sou filha de um acaso

da inspiração, da poesia

sou filha da fantasia

sou refém da nostalgia!

 

SOU.

 

Manuela Vaz de Carvalho

Nota da edição - 3.º Prémio do Concurso Damião de Góis

Arte - Leonid Afremov

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